Por que Grêmio e Inter nunca venceram o Brasileirão de pontos corridos? Comentaristas opinam

Com o segundo lugar do Tricolor, dupla Gre-Nal soma oito vice-campeonatos desde 2003


Fonte: ge

Por que Grêmio e Inter nunca venceram o Brasileirão de pontos corridos? Comentaristas opinam

O segundo lugar do Grêmio no Campeonato Brasileiro de 2023 levantou uma discussão que encorpa a cada ano. Foi a oitava vez em 21 edições de pontos corridos que um time gaúcho ficou com o vice. O título no atual formato nunca veio para o Rio Grande do Sul. Por quê? O ge ouviu comentarias para buscar os motivos que ajudem a explicar o jejum do futebol gaúcho na principal competição do país.

Em 1996, Grêmio vence a Portuguesa e é campeão brasileiro

Porto Alegre abriga cinco títulos brasileiros. O tricampeão Inter ganhou pela última vez há mais de quatro décadas, quando Figueroa, Falcão e Valdomiro lideraram um timaço à conquista invicta de 1979. São 45 anos na fila, muito antes do início dos pontos corridos, em 2003.

O bicampeão Grêmio não desbrava o nacional desde 1996, há 27 anos, no gol de Ailton sobre a Portuguesa, no saudoso Olímpico. O Tricolor venceu no antigo modelo – o formulismo – sob comando de Felipão. O outro título foi em 1981, diante do São Paulo, histórico gol de Baltazar.

Melhores momentos de Internacional 2 X 1 Vasco pelo Campeonato Brasileiro de 1979

Na era dos pontos corridos, o Colorado foi vice em 2005, 2006, 2009, 2020 e 2022. Em três das cinco edições, viu a taça escapar na última rodada. Em 2005, em meio à máfia do apito e à polêmica do pênalti não marcado em Tinga, o Inter terminou três pontos atrás do campeão Corinthians.

Quatro anos depois, o Colorado sofreu nas mãos do time reserva do Grêmio, que perdeu de virada para o Flamengo na última rodada, resultado que impediu o tetra. Já em 2020, o empate sem gols com o Timão ficou marcado por novas polêmicas de arbitragem e pelo gol anulado de Edenilson no último minuto.

Já o Tricolor chegou ao terceiro vice: 2008, 2013 e 2023. Em uma oportunidade, chegou vivo na 38ª rodada. O drama gremista foi há quase 16 anos, quando a equipe de Celso Roth viu a vantagem de 11 pontos na liderança sucumbir. O São Paulo emplacou o tri consecutivo à época.

Relembre: + Na opinião de Celso Roth, Grêmio facilitou o título do São Paulo + Colorados reclamam que Grêmio "entregou" para o Flamengo

Curiosamente, desde 2003, o Colorado ganhou duas Libertadores, duas Recopas e um Mundial. O Tricolor conquistou Libertadores e Recopa, além de uma Copa do Brasil. Por outro lado, ambos foram rebaixados no período em 2004 e 2021 (Grêmio) e 2016 (Inter).

Os dois clubes já estabeleceram as prioridades para 2024. O Inter depositará as forças no Campeonato Brasileiro para tentar acabar com o jejum, enquanto o Grêmio apostará no tetra da Libertadores.

Em cima dos fatos, o que poderia explicar a seca de títulos de ambos nos pontos corridos? O ge ouviu as opiniões de Diogo Olivier, Leonardo Oliveira, Mauricio Saraiva e Sérgio Xavier Filho.

Impedido: por centímetros Edenilson não marcou o gol do título em 2020 — Foto: Eduardo Deconto/ge.globo

Impedido: por centímetros Edenilson não marcou o gol do título em 2020 — Foto: Eduardo Deconto/ge.globo

Veja a opinião dos comentarias

  • Diogo Olivier - Grupo RBS
  • "Questão central é ter menos capacidade para formar elencos e suportar duas competições. Se fica fora de uma, fica em condições de competir na outra. Inter e Grêmio sempre focaram em Libertadores e Copa do Brasil, usando reservas nos pontos corridos. Se não tiver elenco suficiente, tem problemas. Foi o Inter neste ano.

    Sinceramente, não é uma questão dramática que a dupla Gre-Nal nunca vai ganhar pontos corridos. O número de vices indica que poderiam ter ganho. Os jogos remarcados em 2005, o Brasileiro de 2009, o Grêmio perdeu em 2008 com vários pontos à frente. Eu acho que isso vai acabar acontecendo em algum momento. Fica mais fácil disputar muitas competições com elenco maior. Quem tem mais poder de investimento para montar elencos tem mais facilidade, não é o caso do Rio Grande do Sul".

  • Leonardo Oliveira - Grupo RBS
  • "Não há uma razão única. O ponto de partida é que a dupla Gre-Nal sempre opta pelas copas, por ser o caminho mais curto, e pelo fetiche da Libertadores. Os gaúchos viram bem antes dos clubes do eixo Rio-São Paulo quão importante é a Libertadores. Nós temos uma predileção cultural pelas copas.

    A Copa do Brasil pela questão financeira, porque são menos jogos, o prêmio é maior no caso, mas não quer dizer que seja mais fácil. É um falso atalho. O Campeonato Brasileiro para quem está fora do eixo é muito desgastante. Temos viagens mais longas, vale o mesmo para o Fortaleza, por exemplo. A questão geográfica interfere muito. Jogar em Porto Alegre no frio em um domingo e na quarta-feira pode estar no calor de Recife.

    Por fim, uma questão de investimento. O Brasileirão, com a temporada nacional que temos com competições se acavalando, acaba tendo de montar grupos numerosos, mais jogadores, ter 16 ou 17 titulares. A dupla Gre-Nal não tem caixa para isso. O que Flamengo tem, Atlético-MG teve, Palmeiras teve. A gente não tem essa capacidade. Foi o caso do Inter, que teve que optar por uma competição".

    Grêmio de Celso Roth perdeu o título para o São Paulo em 2008  — Foto: Agência VIPCOMM

    Grêmio de Celso Roth perdeu o título para o São Paulo em 2008 — Foto: Agência VIPCOMM

  • Mauricio Saraiva - Grupo RBS
  • "A dupla Gre-Nal costuma priorizar copas. A Libertadores por ser competição internacional, a Copa do Brasil por pagar melhores prêmios. Além disso, à medida que alguns clubes do centro do país dispararam em receita, a distância na capacidade de investimento deles para com a dupla gaúcha tornou este sonho mais distante. Chegam ao segundo lugar, mas têm qualidade de elenco menor".

  • Sérgio Xavier Filho - Sportv
  • "Não conseguimos ir além se não entrar na cultura. Brasil não é o país dos pontos corridos. Sempre foi o país do mata-mata. Quando o campeonato de pontos corridos vem em 2003 é uma coisa nova. Todo mundo vai aprender como se comportar nesse modelo. Alguns entenderam rápido. O tri do São Paulo é o entendimento claro que o Muricy teve na época, de ser sólido, não tomar gol, ganhar de 1 a 0 com gol de bola parada.

    A vitória é muito vantajosa, tem times que arriscam mais. Não vale segurar o empate, o risco da vitória compensa. São vários entendimentos. Grêmio e Inter, talvez, nunca tenham compreendido completamente que, para ganhar pontos corridos, tem que disputar o ano inteiro, não basta disputar na fase final como era no antigo mata-mata.

    Aí vem a segunda parte da equação que sempre complicou a vida de Grêmio e Inter: a valorização extrema de Libertadores. As primeiras portas de entrada foram pelo Sul. É o Inter disputando a valer em 1975, 1976. O Grêmio se mata para ganhar nos anos 1980. A Copa do Brasil também é extremamente valorizada pelos gaúchos. Sempre teve aura do atalho para Libertadores. Desde 2003, quem não faz campeonato de início, meio e fim, não consegue recuperar mais. Isso pode ser uma forma de explicar tanto vice-campeonato. O sonho da Libertadores atrapalha os pontos corridos".



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