O primeiro turno do Brasileirão foi bom!
E por bom entenda problemático (nada é perfeito), criticado (somos resmungões e cornetas) e mal-planejado (demitiram 14 técnicos). Também divertido, emocionante, com casa lotada (e ingresso caro) e excelentes jogos.
Corinthians, Galo e Grêmio pelo topo. Flu, Palmeiras, São Paulo, Sport e Furação pelo G-4, 10 pontos entre eles. O que pode acontecer? E o Vasco? Joinville, Coxa, Goiás, Avaí, Figueira e...Cruzeiro contra a degola. Campeonato difícil e disputado esse onde o último campeão luta pra não cair.
Remando contra a maré reducionista e ignorante de "técnicos atrasados e futebol decadente", muita coisa boa, do ponto de vista da tática, aconteceu nessas 19 rodadas. Inovações, avanços, conceitos e boas execuções de técnicos jovens ou não, brasileiros ou não, modernos ou não. Futebol é diverso, é caótico!
A começar por Tite e o líder Corinthians. Time armado no 4-1-4-1, que compacta a defesa e fecha espaços para roubar e sair com intensidade e velocidade, nos passes de Jadson ou nas projeções de Elias. A velocidade quando retoma a bola confunde os adversários e também não deixa eles penetrarem na recomposição defensiva: 70% de aproveitamento.

Futebol reativo: melhor defesa (14 sofridos), 4º melhor ataque (27 gols) e 4º melhor trocador de passes. Moderno na metodologia de treinos e no uso da análise de desempenho. Lembra o Chelsea de Mourinho ano passado...que foi campeão.

Depois o Atlético-MG, o mais próximo do ideal de "futebol-arte" do brasileiro: gols (melhor ataque com 33 gols), laterais que avançam, centroavante finalizador (Pratto acertou 32 chutes). Time que variou entre o 4-1-4-1 com Giovanni e Dátolo centralizados e agora parece se decidir pelo 4-2-3-1.

O futebol envolvente e ofensivo começa de trás: é Rafael Carioca que arma o jogo sendo líder de passes certos: 1038. Assim, a construção da jogada fica ágil, avança até os laterais e encontra Pratto nos gols e a movimentação incessante dos meias que abre buracos na defesa adversário. Bem treinado, bem executado.

Logo abaixo o Grêmio de Roger, que pegou a terra arrasada de Felipão e transformou um jovem elenco num time. Luan, que driblou 19 vezes com sucesso, é a referência do 4-2-3-1 infernizando defesas e também voltando para marcar, assim como Douglas. Time de intensidade absurda.

Os conceitos mais modernos do futebol mundial estão lá: compactação, intensidade, saída lavolpiana, rápidas transições, futebol coletivo, troca de passes. É o time mais moderno do Brasil na atualidade.

Do Nordeste a grata surpresa: Eduardo Baptista e moderníssimo Sport que se segura na parte de cima. Também no 4-2-3-1, o time propõe ou sai rápido com Marlone e Élber pelos lados. Ninguém dava nada, mas com manutenção do técnico e planejamento esse Sport já é histórico.

Controla o jogo trocando passes ou pode jogar na base da reação ao adversário. Jogar como pequeno? Não: futebol moderno é saber alternar os momentos e executar as transições com intensidade. Por isso Rithely, mais um volante que arma o jogo e faz a diferença.

Milton Mendes é o único brasileiro a ter os cursos de técnico da UEFA e isso é visto em campo. A base do Atlético-PR, cheio de jovens lançados no estadual, é um 4-2-3-1 que se pauta pelas transições e pode ter Walter jogando no pivô, partindo do lado direito e girando como gosta.

O time volta rapidinho do ataque pra defesa e sai rapidinho da defesa pro ataque. Nessa toada, boas vitórias e colocação bem acima do que o elenco possa sugerir - e também da crise no início do ano.

Único estrangeiro, Juan Carlos Osorio é um técnico de conceitos. Você leu eles aqui e viu que o 3-4-3 são-paulino já aplica a superioridade numérica com o zagueiro, a posse da bola (é o time que mais troca passes - 7830!)...mas conceito moderno não significa sucesso. Simples: fator humano. Osorio sofre com a apatia de Ganso e L. Fabiano, a inconstância de Pato, muitas saídas, as lambanças da diretoria...

Já a diretoria do chamou Alexandre "Mittos" pra reorganizar e voltar a ser grande. O 4-2-3-1 de Marcelo Oliveira se baseia puramente nos contragolpes, diferentemente de Oswaldo, que queria controle. Quando dá certo é 4x0 no São Paulo. Quando dá errado, a marcação individual e a falta de posse cobra seu preço. Qual será o Verdão do segundo turno?

O Fluminense foi bizarro com Drubscky e chamou Enderson Moreira, que logo formou um time: 4-2-3-1 veloz pelos lados, baseando-se em transições com Gerson e no poderio de Fred. Com Ronaldinho, a dúvida: como ele e Fred jogarão juntos? R10 estreiou como falso-9 e no final de turno jogou como meia central do 4-2-3-1, como na figura abaixo. Tem futuro no G-4?

No Santos, Dorival Júnior - que deu entrevista exclusiva ao blog - chegou e o time mudou: passou a ser agressivo e rápido, resgatando Gabriel num 4-2-3-1 mortal nos contragolpes. Lucas Lima, agora Seleção, vai até a linha de volantes e pensa o jogo, podendo "pisar na área" como quer o técnico. Futebol dinâmico e promissor.

Da pressão em Cristóvão Borges veio a boa ideia: Alan Patrick recuado e agilidade e acerto de trás. Mais um a "armar o jogo" a partir dos volantes. O time atua no 4-2-3-1 e fecha melhor os espaços com Araújo e Éverton pelas pontas - como encaixar Ederson, Sheik e Guerrero? Para dar certo, Cristóvão precisa ficar. E sem racismo.

Jogadores saíram, a grana acabou e a cobrança, que deveria entender o momento, aumentou. O Cruzeiro que demitiu Marcelo e contratou Luxa é vítima da pressão burra e descabida de dirigentes e torcida. Compreender a nova realidade era necessário para não sofrer como agora - o 4-3-3 "inspirado na Alemanha" de Luxa dará certo com tanta inconstância?

Você não deve se lembrar dela, mas a Chapecoense se mantém no 9º lugar com o bom trabalho de Vinícius Eutrópio e um 4-2-3-1 também agressivo no ataque, abusando do lateral Apodi e da velocidade dos meias pelo lado. Posição bem acima do que o elenco possa sugerir.
Internacional, Ponte Preta e Figueirense completaram o lamentável troca-troca de técnicos que impede o avanço dos times. Se Doriva começa bem, Argel deu apenas 2 treinos e já enfrenta cobrança. Traços da esquizofrenia e obrigação de vencer que se coloca nas cabeças.
Avaí e Goiás jogam no 4-2-3-1, buscando contragolpes para sobreviver. Fórmula correta para times com pouco orçamento, a mesma que PC Gusmão vai adotando no Joinville que dá sinais de recuperação. Já o Coxa vai ganhando pontos, mas ainda está mergulhado em crise.
Crise mesmo é o lamentável Vasco. O respeito não voltou, ele tá bem longe com o show de anacronismos e atrasos de Celso Roth e Eurico Miranda. Muitas lesões, falta de sequência, crise técnica, falta de confiança que vai abalando e afundando o clube que Jorginho tentará salvar. Seria o desenho do terceiro rebaixamento?
Esse é o Brasileirão. Adoramos criticá-lo, mas sempre assistimos. Adoramos desdenhá-lo, mas sempre comemoramos. Traço cultural de quem somos: brasileiros. Tentamos avançar olhando pra trás, mas também vemos coisas boas nascendo. Que venha mais um ótimo segundo turno!
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Corinthians, Galo e Grêmio pelo topo. Flu, Palmeiras, São Paulo, Sport e Furação pelo G-4, 10 pontos entre eles. O que pode acontecer? E o Vasco? Joinville, Coxa, Goiás, Avaí, Figueira e...Cruzeiro contra a degola. Campeonato difícil e disputado esse onde o último campeão luta pra não cair.
Remando contra a maré reducionista e ignorante de "técnicos atrasados e futebol decadente", muita coisa boa, do ponto de vista da tática, aconteceu nessas 19 rodadas. Inovações, avanços, conceitos e boas execuções de técnicos jovens ou não, brasileiros ou não, modernos ou não. Futebol é diverso, é caótico!
A começar por Tite e o líder Corinthians. Time armado no 4-1-4-1, que compacta a defesa e fecha espaços para roubar e sair com intensidade e velocidade, nos passes de Jadson ou nas projeções de Elias. A velocidade quando retoma a bola confunde os adversários e também não deixa eles penetrarem na recomposição defensiva: 70% de aproveitamento.

Futebol reativo: melhor defesa (14 sofridos), 4º melhor ataque (27 gols) e 4º melhor trocador de passes. Moderno na metodologia de treinos e no uso da análise de desempenho. Lembra o Chelsea de Mourinho ano passado...que foi campeão.

Depois o Atlético-MG, o mais próximo do ideal de "futebol-arte" do brasileiro: gols (melhor ataque com 33 gols), laterais que avançam, centroavante finalizador (Pratto acertou 32 chutes). Time que variou entre o 4-1-4-1 com Giovanni e Dátolo centralizados e agora parece se decidir pelo 4-2-3-1.

O futebol envolvente e ofensivo começa de trás: é Rafael Carioca que arma o jogo sendo líder de passes certos: 1038. Assim, a construção da jogada fica ágil, avança até os laterais e encontra Pratto nos gols e a movimentação incessante dos meias que abre buracos na defesa adversário. Bem treinado, bem executado.

Logo abaixo o Grêmio de Roger, que pegou a terra arrasada de Felipão e transformou um jovem elenco num time. Luan, que driblou 19 vezes com sucesso, é a referência do 4-2-3-1 infernizando defesas e também voltando para marcar, assim como Douglas. Time de intensidade absurda.

Os conceitos mais modernos do futebol mundial estão lá: compactação, intensidade, saída lavolpiana, rápidas transições, futebol coletivo, troca de passes. É o time mais moderno do Brasil na atualidade.

Do Nordeste a grata surpresa: Eduardo Baptista e moderníssimo Sport que se segura na parte de cima. Também no 4-2-3-1, o time propõe ou sai rápido com Marlone e Élber pelos lados. Ninguém dava nada, mas com manutenção do técnico e planejamento esse Sport já é histórico.

Controla o jogo trocando passes ou pode jogar na base da reação ao adversário. Jogar como pequeno? Não: futebol moderno é saber alternar os momentos e executar as transições com intensidade. Por isso Rithely, mais um volante que arma o jogo e faz a diferença.

Milton Mendes é o único brasileiro a ter os cursos de técnico da UEFA e isso é visto em campo. A base do Atlético-PR, cheio de jovens lançados no estadual, é um 4-2-3-1 que se pauta pelas transições e pode ter Walter jogando no pivô, partindo do lado direito e girando como gosta.

O time volta rapidinho do ataque pra defesa e sai rapidinho da defesa pro ataque. Nessa toada, boas vitórias e colocação bem acima do que o elenco possa sugerir - e também da crise no início do ano.

Único estrangeiro, Juan Carlos Osorio é um técnico de conceitos. Você leu eles aqui e viu que o 3-4-3 são-paulino já aplica a superioridade numérica com o zagueiro, a posse da bola (é o time que mais troca passes - 7830!)...mas conceito moderno não significa sucesso. Simples: fator humano. Osorio sofre com a apatia de Ganso e L. Fabiano, a inconstância de Pato, muitas saídas, as lambanças da diretoria...

Já a diretoria do chamou Alexandre "Mittos" pra reorganizar e voltar a ser grande. O 4-2-3-1 de Marcelo Oliveira se baseia puramente nos contragolpes, diferentemente de Oswaldo, que queria controle. Quando dá certo é 4x0 no São Paulo. Quando dá errado, a marcação individual e a falta de posse cobra seu preço. Qual será o Verdão do segundo turno?

O Fluminense foi bizarro com Drubscky e chamou Enderson Moreira, que logo formou um time: 4-2-3-1 veloz pelos lados, baseando-se em transições com Gerson e no poderio de Fred. Com Ronaldinho, a dúvida: como ele e Fred jogarão juntos? R10 estreiou como falso-9 e no final de turno jogou como meia central do 4-2-3-1, como na figura abaixo. Tem futuro no G-4?

No Santos, Dorival Júnior - que deu entrevista exclusiva ao blog - chegou e o time mudou: passou a ser agressivo e rápido, resgatando Gabriel num 4-2-3-1 mortal nos contragolpes. Lucas Lima, agora Seleção, vai até a linha de volantes e pensa o jogo, podendo "pisar na área" como quer o técnico. Futebol dinâmico e promissor.

Da pressão em Cristóvão Borges veio a boa ideia: Alan Patrick recuado e agilidade e acerto de trás. Mais um a "armar o jogo" a partir dos volantes. O time atua no 4-2-3-1 e fecha melhor os espaços com Araújo e Éverton pelas pontas - como encaixar Ederson, Sheik e Guerrero? Para dar certo, Cristóvão precisa ficar. E sem racismo.

Jogadores saíram, a grana acabou e a cobrança, que deveria entender o momento, aumentou. O Cruzeiro que demitiu Marcelo e contratou Luxa é vítima da pressão burra e descabida de dirigentes e torcida. Compreender a nova realidade era necessário para não sofrer como agora - o 4-3-3 "inspirado na Alemanha" de Luxa dará certo com tanta inconstância?

Você não deve se lembrar dela, mas a Chapecoense se mantém no 9º lugar com o bom trabalho de Vinícius Eutrópio e um 4-2-3-1 também agressivo no ataque, abusando do lateral Apodi e da velocidade dos meias pelo lado. Posição bem acima do que o elenco possa sugerir.
Internacional, Ponte Preta e Figueirense completaram o lamentável troca-troca de técnicos que impede o avanço dos times. Se Doriva começa bem, Argel deu apenas 2 treinos e já enfrenta cobrança. Traços da esquizofrenia e obrigação de vencer que se coloca nas cabeças.
Avaí e Goiás jogam no 4-2-3-1, buscando contragolpes para sobreviver. Fórmula correta para times com pouco orçamento, a mesma que PC Gusmão vai adotando no Joinville que dá sinais de recuperação. Já o Coxa vai ganhando pontos, mas ainda está mergulhado em crise.
Crise mesmo é o lamentável Vasco. O respeito não voltou, ele tá bem longe com o show de anacronismos e atrasos de Celso Roth e Eurico Miranda. Muitas lesões, falta de sequência, crise técnica, falta de confiança que vai abalando e afundando o clube que Jorginho tentará salvar. Seria o desenho do terceiro rebaixamento?
Esse é o Brasileirão. Adoramos criticá-lo, mas sempre assistimos. Adoramos desdenhá-lo, mas sempre comemoramos. Traço cultural de quem somos: brasileiros. Tentamos avançar olhando pra trás, mas também vemos coisas boas nascendo. Que venha mais um ótimo segundo turno!
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