Bayern e outros nos mostram com ter um time alto e forte é decisivo + Grêmio não pode mirar em jogadores como Caíque

O jogo entre Bayern de Munique e Flamengo foi, se não o melhor, um dos melhores até aqui no Mundial de Clubes. O Flamengo jogou, em vários momentos, de igual para igual ou até com leve superioridade. Mas prevaleceu a organização, o físico e até a altura média dos europeus. Até o fim do jogo, Harry Kane ainda dava carrinho na defesa e saltava para tirar a bola, ele que fez dois golaços; ele que, dizem, fica treinando com Neuer quando todo mundo já foi embora: talento não é só dom, é esforço e disciplina. Este é um ponto que destaco: como é importante - e muitos dirão que não - ter jogadores altos na marcação e até no ataque, e que tenham imposição física para proteger, conduzir a bola e correr, seja para atacar ou defender. O Grêmio tem, hoje, um time com média baixa de altura, principalmente no meio. Mas Gustavo Martins, Alysson Edward e Wagner Leonardo fazem essa média se elevar.

O Grêmio precisa ir atrás de um volante alto. Caíque, além de limitado tecnicamente (foi livramento? Com todo respeito ao jogador, era uma aposta de quem nunca jogou em um time de grande expressão aos quase 30 anos), tinha apenas 1m78.

Já Alex Santana, contratado como polivalente no meio, tem 1m82. Danilo Barbosa, do Botafogo, novo alvo para a marcação, tem 1m83, bem mais que o "baixinho" - porém outrora muito qualificado Cuéllar - por volta de 1m75. Cristaldo, 1m75, Monsalve, 1m78, Villasanti, 1m78 (falta-lhe massa muscular ou é apenas impressão?), Marlon, 1m73, Braithwaite e Arezo, 1m77 (falta a referência na área, André Henrique já ganha vantagem por ter cerca de 1m90 e ser bom cabeceador), Pavón, Kike Olivera e Amuzu, 1m70, Dodi, 1m69 (quantos botes já vi errar por não ter tamanho, além de vontade; poderia ser testado como lateral).

Que fique claro: todo time tem jogadores mais baixos, mas altura e imposição física são decisivas. Nem todo mundo é um Luca Modric, Toni Kroos, Lionel Messi ou Xavi (1m70). Aí é talento "extraterreno", como Arthur Melo quando surgiu no Grêmio e foi para o Barcelona, fazendo lá boas partidas até ir desaparecendo.

O jogo Bayern e Flamengo, como outros neste Mundial de Clubes, mostrou como a altura e a imposição física - juntas ou separadas - são decisivas. Falta ambos ao time do Grêmio. Não tanto como já faltou, mas falta. Principalmente no meio-campo e dentro da área.

GRÊMIO NÃO PODE MIRAR EM JOGADORES COMO CAÍQUE DO JUVENTUDE

Como já dissemos: teria sido a reprovação de Caíque nos exames médicos um sinal, uma escapatória, uma indicação de que precisamos de mais? As causas exatas da reprovação não foram divulgadas. Podemos pensar que o buraco é mais embaixo, que o Grêmio reavaliou a situação, além da condição física. Havia muita hostilidade da torcida gremista em relação à chegada de Caíque.

Esperamos um jogador mais experiente e mais alto, que não trema com a camisa do Imortal: porque a torcida é fanática, a mais fanática do Brasil, como já indicou uma pesquisa recente, porque o clube tem expressão mundial e uma história de glórias imortais. Muitos dos contratados pelo Grêmio, em especial de clubes menores, nos parece que sentiram a camisa.

O Grêmio tem mirado em jogadores reservas de outros clubes - do Botafogo de Textor, como no caso de Danilo Barbosa, dá para encarar, embora não seja a solução ideal - e de clubes de pouca expressão. Poucas vezes dá certo. E o Grêmio já errou muito nas contratações, rasgou dinheiro, com apostas ou com medalhões que já estavam mal em outros clubes, como Jemerson, Edenílson, Pavón e Nathan Pescador (o Atlético-MG agradece). Na hora de negociar, não consegue. Ninguém quer pagar os altos salários integralmente, muito menos pagar o que o Grêmio desembolsou para trazer certos jogadores.

Gestão. Governança. E dinheiro. Por isso, nossa esperança no "Leilo" do Grêmio, Marcelo Marquespan, com seu fiel escudeiro bilionário Celso Rigo. O Grêmio, para pavor de Baldasso e outros colorados, pode se tornar um dos clubes mais ricos do Brasil e até da América do Sul. Sempre faltou investimento, e a base não pode ser esquecida, decisiva que sempre foi no Clube de Todos, prestigiada que é; mas precisamos ter o poder de contratar bons jogadores.

E precisamos comprar a Arena, já passou da hora de depender do poder público desinteressado: o Olímpico, conforme processo que já existe, pode ser utilizado como memorial e fonte de renda comercial da maior torcida fora de Rio-SP. Alguns tentarão, como já vêm tentando, dificultar esses processos, mas o Grêmio precisa de poder político. Aí precisamos de figuras prestigiadas e com poder aquisitivo no clube.

O Grêmio de 2025 é tentar diminuir o estrago. Quem sabe a Sula. Quem sabe. Mas precisa gastar, e até se endividar um pouco mais, se necessário. Grêmio é um dos clubes da A com menos dívidas, e os mais endividados são aqueles que vêm erguendo taças, exceto o Botafogo de Textor - que, no entanto, "faliu" o Lyon, rebaixado à B da França por calote financeiro. E perdeu uma bolada ao sair do Mundial de Clubes - mas ganhou um bom dinheiro só por estar lá. O Grêmio deveria estar neste Mundial, mostrando suas três cores pelo mundo.

Em 2029, que nosso sonho se concretize: o Grêmio no Mundial de Clubes, jogando bonito, talvez com Renato Portaluppi. Antes disso, virão os grandes títulos outra vez. Não se pode depender mais apenas da base, por melhor que esta seja - e mesmo ela exige investimento. O Grêmio não pode se apequenar, isso já aconteceu com muitos clubes. É hora de agir.



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