
Aranha foi o centro das atenções na Arena, nesta quinta-feira (Foto: Marcos Ribolli/GloboEsporte.com)
As vaias que ecoaram na Arena durante o reencontro com a torcida gremista não foram suficientes para desestabilizar Aranha. Após ter sido vítima de injúrias raciais em 28 de agosto, pela Copa do Brasil, o goleiro santista optou por uma dupla tática ao voltar ao local onde fora ofendido. Na noite desta quinta-feira, em campo, não esboçou reação à torcida, que evitou as antigas ofensas, mas o vaiou. O desabafo viria apenas depois, com o término do confronto, com entrevistas de discurso forte.
Ao entrar no gramado, seus únicos gestos foram em direção ao céu, como se pedisse proteção divina. E as preces parecem ter sido ouvidas. Alheio ao clima hostil, fez defesas cirúrgicas e impediu o triunfo gremista. A ponto de ser elogiado por jogadores rivais após o duelo terminado em 0 a 0, pela 22ª rodada do Brasileirão. O GloboEsporte.com acompanhou os passos do atleta, numa partida que parecia valer muito mais do que os três pontos. E na qual Aranha era muito mais do que um mero camisa 1.
VAIAS DESDE AQUECIMENTO
Desde seu desembarque em Porto Alegre, que ocorreu um dia antes do confronto, Aranha evitou a polêmica e demonstrou frieza em meio a tantas expectativas sobre o retorno à casa tricolor. A delegação evitou o saguão do Aeroporto Salgado Filho e deslocou-se de ônibus para o hotel, no final da tarde de quarta-feira. A chegada ao estádio foi igualmente discreta. Com fones de ouvido na cabeça, rumou direto para o vestiário, sem parar para conversar com os jornalistas que o aguardavam.
Aranha chegou à Arena em silêncio e concentrado (Foto: Marcos Ribolli)
No campo, porém, parecia impossível esquecer o dia em que foi chamado de "macaco". Em cada canto da Arena, havia gremistas o vaiando. O aquecimento ocorreu longe do setor da arquibancada norte, de onde as ofensas foram proferidas há 22 dias. A cada vez que tocava na bola, ouvia gritos mais fortes. Descontentes com as consequências do episódio, que culminou com a eliminação do time na Copa do Brasil, os gremistas não o pouparam. "Aranha, viado", entoaram ao longo da partida.
A resposta? Veio da pior forma possível para os tricolores. O goleiro teve atuação precisa. Logo aos 18 do primeiro tempo, quando estava posicionado na meta em que decorreu a polêmica, fez ótima defesa em chute de Lucas Coelho. O que se repetiu dois minutos depois, quando tocou a bola com a ponta dos dedos, e a deslocou para a trave. A opinião sobre a recepção dos tricolores foi conhecida já na saída do primeiro tempo.
- Para mim, sim, está tudo bem. Sempre procuro respeitar o adversário, a torcida adversária. É triste (o comportamento da torcida do Grêmio), eles (torcedores) parecem que concordam com tudo o que aconteceu (injúrias raciais). Tenho de fazer minha parte. Estou tranquilo, sou profissional. Mas que é triste, é triste - lamentou. - Se tiver que dar desculpas para esse povo, não dou desculpas, não.
GREMISTAS ELOGIAM FRIEZA
Na etapa complementar, comportamento inalterado. Sequer olhou para a torcida. Mas provocou ainda mais a ira dos tricolores ao cair e permanecer no chão em pelo menos dois momentos durante os 90 minutos. Fez, novamente, boas defesas. Aos dois minutos, evitou gol de Dudu, e aos seis defendeu arremate de Lucas Coelho. De sua meta, lamentava a cada vez em que o Santos tentava chegar, sem sucesso, ao gol tricolor.

O elenco gremista esperava alguma falha diante de toda a pressão. Mas o comportamento de Aranha surpreendeu quem estava dentro de campo. Lucas Coelho revelou que foi para a partida com a intenção de "testar" o arqueiro. E saiu espantado:
- Ele é um grande profissional. A torcida não intimida um cara com a experiência dele. Mas a gente procurou testar ele. Infelizmente a bola bateu na trave. Conversamos, que, de repente, com a pressão da torcida, pudesse ter alguma falha. Eu entrei com esse pensamento de testar, mas ele foi muito bem.
- Cheguei na hora que ele levou pancada e falei para ele que não precisava reclamar. É normal a torcida vaiar, xingar. Acho que dessa vez não teve racismo, graças a Deus não aconteceu isso - completou o zagueiro Rhodolfo, referindo-se ao momento em que Aranha chocou-se com Dudu e caiu no gramado.
Aranha teve ótima atuação em campo contra o Grêmio (Foto: Marcos Ribolli)
ESQUENTOU O CLIMA AOS MICROFONES
Depois da partida, Aranha também não fugiu das perguntas de dezenas de jornalistas que aguardavam sua manifestação. Para o goleiro, a única atitude a ser lamentada diz respeito ao comportamento nas arquibancadas.
- Não tem perdão para eles. Muita gente morreu (por causa do racismo), muita gente sofreu. Tem gente que acha que está errada a punição. Fazer o quê? Paciência. Vim jogar futebol. Dei meu melhor. Esperava ser recebido de outra maneira. Acreditava que a maioria da torcida não tinha concordado com as atitudes.

Aranha voltou a ser questionado sobre Patrícia Moreira, a torcedora flagrada gritando "macaco". Negou que queira se envolver em polêmicas, mas apontou que discorda de algumas atitudes tomadas pela jovem após o episódio.
- Eu não quero polemizar. Eu quero esclarecer e resolver, como diz o parceiro Helio De La Peña (humorista). Tem de resolver e esquecer, não tem de existir a cor da pele. Muita gente achou que o racismo tinha sido resolvido aqui no Brasil, mas não foi, só foi jogado para baixo do tapete. Eu toparia numa boa me encontrar com ela, mas ela vai responder pelo o que ela fez. Mas eu não quero chabu. Uma coisa é perdoar, abraçar. Ela está indo nos programas de televisão se explicar, e cada vez piora a situação. A primeira coisa que faz é se explicar. Tentou chorar e não conseguiu. Uma coisa que não tem necessidade - disse o goleiro.
O 18 de setembro terminou como se desenhava, com Aranha como o centro das atenções. O goleiro se destacou pelo comportamento e pela qualidade técnica, que impediu os tricolores de transformarem seus protestos em gritos de gol.
Aranha falou após o jogo e não se escondeu das perguntas e de suas opiniões (Foto: Marcos Ribolli)
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As vaias que ecoaram na Arena durante o reencontro com a torcida gremista não foram suficientes para desestabilizar Aranha. Após ter sido vítima de injúrias raciais em 28 de agosto, pela Copa do Brasil, o goleiro santista optou por uma dupla tática ao voltar ao local onde fora ofendido. Na noite desta quinta-feira, em campo, não esboçou reação à torcida, que evitou as antigas ofensas, mas o vaiou. O desabafo viria apenas depois, com o término do confronto, com entrevistas de discurso forte.
Ao entrar no gramado, seus únicos gestos foram em direção ao céu, como se pedisse proteção divina. E as preces parecem ter sido ouvidas. Alheio ao clima hostil, fez defesas cirúrgicas e impediu o triunfo gremista. A ponto de ser elogiado por jogadores rivais após o duelo terminado em 0 a 0, pela 22ª rodada do Brasileirão. O GloboEsporte.com acompanhou os passos do atleta, numa partida que parecia valer muito mais do que os três pontos. E na qual Aranha era muito mais do que um mero camisa 1.
VAIAS DESDE AQUECIMENTO
Desde seu desembarque em Porto Alegre, que ocorreu um dia antes do confronto, Aranha evitou a polêmica e demonstrou frieza em meio a tantas expectativas sobre o retorno à casa tricolor. A delegação evitou o saguão do Aeroporto Salgado Filho e deslocou-se de ônibus para o hotel, no final da tarde de quarta-feira. A chegada ao estádio foi igualmente discreta. Com fones de ouvido na cabeça, rumou direto para o vestiário, sem parar para conversar com os jornalistas que o aguardavam.

No campo, porém, parecia impossível esquecer o dia em que foi chamado de "macaco". Em cada canto da Arena, havia gremistas o vaiando. O aquecimento ocorreu longe do setor da arquibancada norte, de onde as ofensas foram proferidas há 22 dias. A cada vez que tocava na bola, ouvia gritos mais fortes. Descontentes com as consequências do episódio, que culminou com a eliminação do time na Copa do Brasil, os gremistas não o pouparam. "Aranha, viado", entoaram ao longo da partida.
A resposta? Veio da pior forma possível para os tricolores. O goleiro teve atuação precisa. Logo aos 18 do primeiro tempo, quando estava posicionado na meta em que decorreu a polêmica, fez ótima defesa em chute de Lucas Coelho. O que se repetiu dois minutos depois, quando tocou a bola com a ponta dos dedos, e a deslocou para a trave. A opinião sobre a recepção dos tricolores foi conhecida já na saída do primeiro tempo.
- Para mim, sim, está tudo bem. Sempre procuro respeitar o adversário, a torcida adversária. É triste (o comportamento da torcida do Grêmio), eles (torcedores) parecem que concordam com tudo o que aconteceu (injúrias raciais). Tenho de fazer minha parte. Estou tranquilo, sou profissional. Mas que é triste, é triste - lamentou. - Se tiver que dar desculpas para esse povo, não dou desculpas, não.
GREMISTAS ELOGIAM FRIEZA
Na etapa complementar, comportamento inalterado. Sequer olhou para a torcida. Mas provocou ainda mais a ira dos tricolores ao cair e permanecer no chão em pelo menos dois momentos durante os 90 minutos. Fez, novamente, boas defesas. Aos dois minutos, evitou gol de Dudu, e aos seis defendeu arremate de Lucas Coelho. De sua meta, lamentava a cada vez em que o Santos tentava chegar, sem sucesso, ao gol tricolor.

O elenco gremista esperava alguma falha diante de toda a pressão. Mas o comportamento de Aranha surpreendeu quem estava dentro de campo. Lucas Coelho revelou que foi para a partida com a intenção de "testar" o arqueiro. E saiu espantado:
- Ele é um grande profissional. A torcida não intimida um cara com a experiência dele. Mas a gente procurou testar ele. Infelizmente a bola bateu na trave. Conversamos, que, de repente, com a pressão da torcida, pudesse ter alguma falha. Eu entrei com esse pensamento de testar, mas ele foi muito bem.
- Cheguei na hora que ele levou pancada e falei para ele que não precisava reclamar. É normal a torcida vaiar, xingar. Acho que dessa vez não teve racismo, graças a Deus não aconteceu isso - completou o zagueiro Rhodolfo, referindo-se ao momento em que Aranha chocou-se com Dudu e caiu no gramado.

ESQUENTOU O CLIMA AOS MICROFONES
Depois da partida, Aranha também não fugiu das perguntas de dezenas de jornalistas que aguardavam sua manifestação. Para o goleiro, a única atitude a ser lamentada diz respeito ao comportamento nas arquibancadas.
- Não tem perdão para eles. Muita gente morreu (por causa do racismo), muita gente sofreu. Tem gente que acha que está errada a punição. Fazer o quê? Paciência. Vim jogar futebol. Dei meu melhor. Esperava ser recebido de outra maneira. Acreditava que a maioria da torcida não tinha concordado com as atitudes.

Aranha voltou a ser questionado sobre Patrícia Moreira, a torcedora flagrada gritando "macaco". Negou que queira se envolver em polêmicas, mas apontou que discorda de algumas atitudes tomadas pela jovem após o episódio.
- Eu não quero polemizar. Eu quero esclarecer e resolver, como diz o parceiro Helio De La Peña (humorista). Tem de resolver e esquecer, não tem de existir a cor da pele. Muita gente achou que o racismo tinha sido resolvido aqui no Brasil, mas não foi, só foi jogado para baixo do tapete. Eu toparia numa boa me encontrar com ela, mas ela vai responder pelo o que ela fez. Mas eu não quero chabu. Uma coisa é perdoar, abraçar. Ela está indo nos programas de televisão se explicar, e cada vez piora a situação. A primeira coisa que faz é se explicar. Tentou chorar e não conseguiu. Uma coisa que não tem necessidade - disse o goleiro.
O 18 de setembro terminou como se desenhava, com Aranha como o centro das atenções. O goleiro se destacou pelo comportamento e pela qualidade técnica, que impediu os tricolores de transformarem seus protestos em gritos de gol.

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