Grêmio traça plano para diminuir dívidas

A venda de Arthur para o Barcelona renderá um polpudo aporte de recursos para o Grêmio nesta temporada. Isso sem contar qualquer outra possível negociação, embora este não seja o objetivo. Mas se engana quem pensa em investimentos vultosos para o restante do ano. Embora tenha que investir para contratar Marinho, em fase de troca de contratos, a política de austeridade financeira segue. E a receita tem papel determinante para a quitação de dívidas por parte da diretoria.



A negociação do volante com os espanhóis gira em valor próximo aos R$ 130 milhões. O cenário se desenha para o pagamento de dívidas mais imediatas com Banrisul e BMG, próximas dos R$ 70 milhões, por empréstimos anteriores. O Grêmio, em seu planejamento, prevê a situação, conforme o presidente Romildo Bolzan Júnior. O passivo total em maio deste ano era de R$ 440 milhões e sofreu uma redução de R$ 30 milhões em relação ao mesmo período em 2017.

– O Grêmio tem previsões orçamentárias que decorrem de receitas de vendas de jogadores. Não tem apenas uma perspectiva, mas um planejamento de, com esses recursos, avançar na autossustentação do clube. Não passa por um processo de vender para arrecadar, mas para ajustar o clube em caráter definitivo, para entrar 2019 completamente diferente dos patamares anteriores – afirma o mandatário.



Até o momento, Arthur foi o único jogador negociado pelo Grêmio nesta temporada. Nomes como Luan e Everton são constantemente cogitados em publicações europeias como alvos, porém, sem propostas efetivas. Jailson tinha tudo acertado para ser vendido ao Santos por R$ 12 milhões, mas o negócio recuou e ele deve permanecer em Porto Alegre.

Pedro Rocha e Walace foram vendidos no ano passado e bateram a receita de R$ 60 milhões estipulada no orçamento. Somente a transferência de Arthur ao futebol espanhol deve superar com folga a previsão para 2018, ainda não divulgada pelo clube.

Por outro lado, o Tricolor trabalha nos bastidores para se reforçar diante da maratona de jogos prevista para o segundo semestre, com o time vivo no Brasileirão, Libertadores e Copa do Brasil. O atacante Marinho é o nome mais próximo, em fase de troca de documentação com o Changchun Yatai, da China.

O valor a ser pago pelo Grêmio gira em torno de 3 milhões de euros (R$ 13 milhões, aproximadamente), mesmo montante que o Barcelona irá desembolsar para antecipar a apresentação de Arthur, em julho. O clube ainda estuda a contratação de um zagueiro e um meio-campista para fechar o elenco.

"O Grêmio se acha suficiente com o plantel que tem. Mas se tiver algum jogador que saia deste plantel, vai repor. Poderá ser da base ou vir de fora. Tem como conceito: se sair alguém, temos que ficar competitivos". (Romildo Bolzan Jr., presidente)

Paralelo aos negócios por atletas, a direção tricolor se escuda no incremento do orçamento com a ampliação do Quadro Social, beneficiada pelos títulos recentes da Copa do Brasil, Libertadores, Recopa e Gauchão. No balanço de 2017, mais de 90 mil pessoas já haviam virado membros do clube até o fim do ano (aumento de 13,6%, com arrecadação de R$ 66 milhões). Enquanto isso, a novela da compra da Arena se arrasta, e uma parcela dos lucros cai direto na conta da administradora do estádio pelo aluguel das cadeiras.

Para adquirir a tão sonhada autossustentação, a gestão de Romildo Bolzan Júnior precisa lidar com as dívidas. Ainda que tenha negociado boa parte delas com o ingresso no Profut, há as obrigações junto a bancos, a curto prazo, que correspondem a quase R$ 70 milhões. O Grêmio fechou o ano passado com R$ 333 milhões em passivo.

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