
O ex-presidente do Inter Fernando Carvalho e o sobrinho gremista Tião Foto: Bruno Alencastro / Agencia RBS
Você imagina Fernando Carvalho e seu coração afogueado de vermelho convivendo no trabalho e na família com um gremista tão fervoroso quanto ele? Ou o ícone tricolor Luiz Carlos Silveira Martins, o Cacalo, em churrascos com o tio mais colorado impossível? Famílias tradicionais de patriarcas que presidiram a vida de Grêmio ou Inter e com sobrenomes sinônimos dos clubes — pois também eles convivem em casa com os contrários. Geralmente sem adstringência.
Fernando Carvalho era presidente do Inter em 2005 quando acolheu em sua empresa de estacionamento o afilhado e sobrinho, Tião Carvalho Gonçalves. Filho de Martha, irmã de Fernando, Tião tinha 23 anos e já mantinha os mesmos hábitos do tio, como assistir a uma infinidade de jogos pela TV, vasculhar jogadores e analisar táticas, com a singela diferença de que o seu ponto de interesse é o Grêmio. Sempre foram amigos. Mas quando o tio foi disputar os títulos da Libertadores contra o São Paulo e o Mundial diante do Barcelona, Tião rendeu-se ao coração, abstraiu a imagem do padrinho e torceu contra.
A única vez em que o afilhado não secou o Inter foi em 2002, durante o jogo decisivo com o Paysandu, que manteve o Inter na Primeira Divisão. Era o início do primeiro mandato de Fernando Carvalho como presidente.
— O rebaixamento seria demais. Não queria ver o padrinho naquela situação e torci por ele — diz o gremista.
O comportamento de Tião diante do tio dirigente sempre levou em conta o fato dele estar sob constante cobrança. Não iria ele tornar a situação mais pesada com flautas em casa ou no trabalho.
Ao contrário, aproveitam o convívio e trocam ideias sobre futebol quase que diariamente.
— Ele é muito parecido comigo, gosta de pensar o futebol, vê posicionamento, conhece jogadores daqui e do mundo — afiança Carvalho.
Em dezembro, já integrante do time de comentaristas do programa Sala de Redação, da Rádio Gaúcha, Fernando sabia que o gremista Cacalo tocaria flauta no dia do quarto aniversário da derrota do Inter diante do Mazembe, no Mundial dos Emirados Árabes. Então, 10 dias antes pediu que o afilhado gremista comprasse uma camiseta do time africano pela internet. Tião providenciou a compra e a colocou dentro de uma embalagem da GrêmioMania.
No dia do aniversário, Fernando adiantou-se à flauta de Cacalo e lhe entregou o presente no Sala de Redação.
— Ele, um gremista, me ajudou a abrandar a gozação que eu sofreria no programa — conta Carvalho.
O sonho do advogado Tião é participar da direção do Grêmio — o que levou Carvalho a sugerir o nome do afilhado a Cacalo, que ainda não respondeu.
— O Cacalo pode ficar tranquilo, o Tião não será nenhum infiltrado — brinca o ex-presidente.
Mas Luiz Carlos Silveira Martins convive amigavelmente com um "infiltrado" na família. Paulo Roberto Silveira Martins, 73 anos, é irmão de Luiz Silveira Martins, que foi na história vice-presidente do Grêmio. Paulo é colorado do tipo fervoroso e matrícula baixa no quadro de sócio desde os Eucaliptos. Paulo é tio de Cacalo.
— Se eu tiro flauta dele? Nem dá mais graça: a fase dele é péssima — diz o colorado.
Cacalo e o tio, Paulo Roberto Silveira Martins
Foto: Lauro Alve
Cacalo o considera um dos seus "amigões". Não passam dois dias sem trocar ligação, embora em assuntos de futebol é cada um para o seu lado. Apenas uma vez assistiram juntos a um jogo pela TV, "uma derrota do Inter pela Libertadores", adianta-se o gremista. Estavam na casa de Antônio Olavo dos Santos, outro colorado entre os Silveira Martins. Olavo já foi vice-presidente do Inter e diretor nos anos 1970, na época do dirigente Frederico Arnaldo Ballvé. É irmão da mãe de Cacalo, a professora Dileta.
— Esses dois colorados bastam na família — afirma Cacalo.
Os Verardi, símbolo do Grêmio, pelo figura do superintendente Antônio Carlos, pai do executivo de marketing Paulo César, no passado tiveram jogadores profissionais dos dois lados. Valtemar defendeu os azuis na época do campo da Baixada, e Heitor jogou pelo Inter também nos anos 1950.
O emaranhado é maior entre os Medeiros, uma família com a tradição de três presidentes do Inter. Afonso Paulo Feijó dirigiu o clube em 1945. O filho Marcelo Feijó foi o dirigente no tri brasileiro de 1979. A filha Elvira Feijó casou-se com Gilberto Medeiros, cuja família era de gremistas, como o ex-deputado Sergio de Medeiros Ilha Moreira, que passou os últimos 50 anos dentro do Conselho tricolor. Gilberto era dissidente entre os Medeiros e presidiu o Inter em 1986. O ex-vice de futebol Marcelo Medeiros é filho de Gilberto.
— Quando eu estava envolvido com os problemas do Inter, sobrinhos colorados e gremistas ligavam ou mandavam mensagem de apoio — conta Marcelo.
Hoje entre os mais novos da família Medeiros, quem gira em torno dos 25 anos de idade é gremista. Os de 15 anos são colorados.
Em reuniões na Associação Leopoldina Juvenil, nos antigos jantares de domingo à noite na casa de Afonso Paulo Feijó ou no almoço de sábado na residência do ex-deputado e ministro Poty Medeiros o assunto de futebol sempre foi tratado com alguma cautela.
Entre os Hermann, o colorado Eraldo fez parte da comissão de obras do Beira-Rio, nos anos 1960. Quando necessário, pegava material de sua loja de construção para usar no estádio. Seu irmão e sócio na loja, Geralci, integrante do Conselho do Grêmio, anotava tudo, mas não protestava. O atual gremista Marcos Hermann não é da mesma família, embora também tenha colorados no parentesco.
Também os Russowski, Difini, Chaves Barcelos, Vontobel e Johannpeter, que construíram a história da Dupla, têm ou tiveram gremistas e colorados com a naturalidade de quem leva o futebol com elegância.
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Você imagina Fernando Carvalho e seu coração afogueado de vermelho convivendo no trabalho e na família com um gremista tão fervoroso quanto ele? Ou o ícone tricolor Luiz Carlos Silveira Martins, o Cacalo, em churrascos com o tio mais colorado impossível? Famílias tradicionais de patriarcas que presidiram a vida de Grêmio ou Inter e com sobrenomes sinônimos dos clubes — pois também eles convivem em casa com os contrários. Geralmente sem adstringência.
Fernando Carvalho era presidente do Inter em 2005 quando acolheu em sua empresa de estacionamento o afilhado e sobrinho, Tião Carvalho Gonçalves. Filho de Martha, irmã de Fernando, Tião tinha 23 anos e já mantinha os mesmos hábitos do tio, como assistir a uma infinidade de jogos pela TV, vasculhar jogadores e analisar táticas, com a singela diferença de que o seu ponto de interesse é o Grêmio. Sempre foram amigos. Mas quando o tio foi disputar os títulos da Libertadores contra o São Paulo e o Mundial diante do Barcelona, Tião rendeu-se ao coração, abstraiu a imagem do padrinho e torceu contra.
A única vez em que o afilhado não secou o Inter foi em 2002, durante o jogo decisivo com o Paysandu, que manteve o Inter na Primeira Divisão. Era o início do primeiro mandato de Fernando Carvalho como presidente.
— O rebaixamento seria demais. Não queria ver o padrinho naquela situação e torci por ele — diz o gremista.
O comportamento de Tião diante do tio dirigente sempre levou em conta o fato dele estar sob constante cobrança. Não iria ele tornar a situação mais pesada com flautas em casa ou no trabalho.
Ao contrário, aproveitam o convívio e trocam ideias sobre futebol quase que diariamente.
— Ele é muito parecido comigo, gosta de pensar o futebol, vê posicionamento, conhece jogadores daqui e do mundo — afiança Carvalho.
Em dezembro, já integrante do time de comentaristas do programa Sala de Redação, da Rádio Gaúcha, Fernando sabia que o gremista Cacalo tocaria flauta no dia do quarto aniversário da derrota do Inter diante do Mazembe, no Mundial dos Emirados Árabes. Então, 10 dias antes pediu que o afilhado gremista comprasse uma camiseta do time africano pela internet. Tião providenciou a compra e a colocou dentro de uma embalagem da GrêmioMania.
No dia do aniversário, Fernando adiantou-se à flauta de Cacalo e lhe entregou o presente no Sala de Redação.
— Ele, um gremista, me ajudou a abrandar a gozação que eu sofreria no programa — conta Carvalho.
O sonho do advogado Tião é participar da direção do Grêmio — o que levou Carvalho a sugerir o nome do afilhado a Cacalo, que ainda não respondeu.
— O Cacalo pode ficar tranquilo, o Tião não será nenhum infiltrado — brinca o ex-presidente.
Mas Luiz Carlos Silveira Martins convive amigavelmente com um "infiltrado" na família. Paulo Roberto Silveira Martins, 73 anos, é irmão de Luiz Silveira Martins, que foi na história vice-presidente do Grêmio. Paulo é colorado do tipo fervoroso e matrícula baixa no quadro de sócio desde os Eucaliptos. Paulo é tio de Cacalo.
— Se eu tiro flauta dele? Nem dá mais graça: a fase dele é péssima — diz o colorado.

Foto: Lauro Alve
Cacalo o considera um dos seus "amigões". Não passam dois dias sem trocar ligação, embora em assuntos de futebol é cada um para o seu lado. Apenas uma vez assistiram juntos a um jogo pela TV, "uma derrota do Inter pela Libertadores", adianta-se o gremista. Estavam na casa de Antônio Olavo dos Santos, outro colorado entre os Silveira Martins. Olavo já foi vice-presidente do Inter e diretor nos anos 1970, na época do dirigente Frederico Arnaldo Ballvé. É irmão da mãe de Cacalo, a professora Dileta.
— Esses dois colorados bastam na família — afirma Cacalo.
Os Verardi, símbolo do Grêmio, pelo figura do superintendente Antônio Carlos, pai do executivo de marketing Paulo César, no passado tiveram jogadores profissionais dos dois lados. Valtemar defendeu os azuis na época do campo da Baixada, e Heitor jogou pelo Inter também nos anos 1950.
O emaranhado é maior entre os Medeiros, uma família com a tradição de três presidentes do Inter. Afonso Paulo Feijó dirigiu o clube em 1945. O filho Marcelo Feijó foi o dirigente no tri brasileiro de 1979. A filha Elvira Feijó casou-se com Gilberto Medeiros, cuja família era de gremistas, como o ex-deputado Sergio de Medeiros Ilha Moreira, que passou os últimos 50 anos dentro do Conselho tricolor. Gilberto era dissidente entre os Medeiros e presidiu o Inter em 1986. O ex-vice de futebol Marcelo Medeiros é filho de Gilberto.
— Quando eu estava envolvido com os problemas do Inter, sobrinhos colorados e gremistas ligavam ou mandavam mensagem de apoio — conta Marcelo.
Hoje entre os mais novos da família Medeiros, quem gira em torno dos 25 anos de idade é gremista. Os de 15 anos são colorados.
Em reuniões na Associação Leopoldina Juvenil, nos antigos jantares de domingo à noite na casa de Afonso Paulo Feijó ou no almoço de sábado na residência do ex-deputado e ministro Poty Medeiros o assunto de futebol sempre foi tratado com alguma cautela.
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