Marcelo Oliveira dribla desconfiança e vira peça-chave no time de Felipão

Foto: Diego Vara / Agencia RBS

Aos poucos, Marcelo Oliveira vai garimpando seu lugar no Grêmio. Contratação no mínimo controversa, a julgar pela reação dos torcedores no início do ano, o canhoto polivalente começa a driblar as críticas de que "atua em várias posições, mas não joga em nenhuma delas", conforme o jargão futebolístico.

A atuação contra o Caxias, no último sábado, corroborou a nova fase do atleta de 27 anos, que teve o contrato rescindido com o Palmeiras após um 2014 sabático. Sofreu com os fanáticos alviverdes até a derradeira rodada do Brasileirão, quando o clube escapou de mais um rebaixamento.

Em três meses de Grêmio, já foi utilizado por Felipão como zagueiro, lateral-esquerdo e volante. É no meio de campo, porém, que mostrou suas melhores credenciais: disposição para marcar e sair jogando, sem enfeites.

O gol marcado contra o time da serra gaúcha, seu primeiro com a camisa tricolor, é a prova. Marcelo Oliveira roubou a bola na linha central e acompanhou o avanço do atacante Everaldo. Após a finalização e o rebote do goleiro, apenas escorou para as redes.

Segundo o site FootStats, soma 86% de aproveitamento em desarmes no Gauchão. Ainda não cometeu mais do que três faltas por jogo e o número de passes errados é de 2,25 a cada 90 minutos. Ainda faz uma onda e é quem mais acerta dribles no time. Por outro lado, carrega quatro cartões amarelos.

Conforme o comentarista do canal SporTV Lédio Carmona, é um jogador que tem tudo para perdurar no Grêmio.

— Quando ele foi contratado, vi que é um jogador com a cara do clube. Não é um exuberante, mas mantém uma regularidade. É sempre nota seis, sete. Além de ser bom de grupo, tem técnica e raça. Rende melhor como volante, porque participa do jogo e pode fazer a cobertura do lateral — comenta.

Na mesma linha segue o setorista de Palmeiras do portal UOL, Danilo Lavieri. O jornalista recorda que o contrato de Marcelo não foi renovado com o clube paulista por falta de acordo com a diretoria.

— Quando o Palmeiras estava longe da crise, era bem visto. Inclusive foi quem mais jogou em 2014. Só que na hora ruim a torcida começou a escolher um ou outro para pegar no pé. E ele não iria resolver (em campo). Estava ali para compor elenco, acabou crucificado. Para renovar, pediu mais do que a diretoria podia pagar. Mas saiu pela porta da frente — explica.

Lavieri lembra também o bom humor do jogador, que chegou a passar por momentos difíceis após o nascimento prematuro da filha. Por outro lado, Marcelo Oliveira foi transformado quase em um garoto-propaganda da TV Palmeiras. Durante os treinamentos, ele enxergava a equipe de filmagem e exclamava: "TV Palmeiras"!

— Por um certo tempo, o pessoal chamou ele de Marcelo TV Palmeiras. Aqui (em São Paulo) ficou conhecido como "bombeirão". Nos momentos difíceis, era ele quem aparecia para dar entrevistas. Não causa polêmica, está sempre brincando — conta Lavieri.

Para o colunista de ZH Luiz Zini Pires, trata-se de uma "contratação de grupo", aquele atleta que o técnico gosta de receber no elenco. Com a falta de laterais, pode assumir a posição no lado esquerdo, analisa.

— Neste momento da temporada, ele tem sido útil. Pode ser o lateral que falta ao Grêmio. Quando precisar de um meio-campo mais sólido, pode jogar ali, com Maicon e Cristian Rodríguez. Nunca será craque, mas vem atuando bem — observa Zini.

Depois da vitória na Arena frente ao Caxias, o presidente tricolor Romildo Bolzan Júnior foi além e o definiu como "protótipo de sucesso". As chegadas de Maicon e Cristian Rodríguez, porém, deverão criar uma "boa" dor de cabeça para Felipão.

Pois Ramiro já está recuperado de lesão e retornou aos treinos. O jovem Walace ainda terá mais um mês de recuperação. Ainda há Fellipe Bastos e o ascendente Araújo para duas ou três vagas na proteção da defesa.

Ao polivalente Marcelo Oliveira, pode sobrar mesmo a lateral. Mas Felipão parece já ter encontrado seu lugar: no time titular.

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