
Tiago conversou com o GloboEsporte.com no Estádio Olímpico (Foto: Eduardo Deconto/GloboEsporte.com)
Aos 21 anos, Tiago estreou no Brasileirão com a árdua incumbência de substituir o convocado Marcelo Grohe sob as traves do Grêmio. Ainda garoto, demonstrou a frieza de um veterano para selar a meta na vitória por 2 a 0 sobre o Sport, na quarta. A tranquilidade do início promissor pode até ter causado surpresa aos mais de 13 mil gremistas que compareceram à Arena. Mas não espanta quem o conhece desde que deixou a pequena Irati, no Paraná, em 2008, com apenas 15 anos e uma “mochila às costas”, para bater à porta das categorias de base do Tricolor. Parecia trazer na bagagem a segurança e o talento de quem conquistou a bênção do goleiro do Tetra, Taffarel, e o apoio do atual titular do Tricolor, ao assumir a posição.
Tiago sempre esteve exposto à pressão. Sua trajetória é povoada por momentos em que esteve no limite. Quando desembarcou em Porto Alegre, já passou pelo primeiro teste no clube. Uma surpresa superada com facilidade. Agarrou três cobranças de pênalti e ganhou um contrato. Sob a tutela do atual preparador de goleiros, Rogério Godoy, estreou pelo Grêmio logo em um Gre-Nal, na base. Voltou a pegar pênalti na casa do rival e conquistou a admiração de Taffarel, que hoje é preparador com Dunga e que acompanhava a partida e prontamente o adotou como afilhado. O garoto aprendeu com as provas de fogo. E quer mais.
Nas equipes menores, foi lapidado como a grande promessa para a camisa 1 gremista. No juvenil, chegou a permanecer 17 jogos em sequência sem sofrer gols. Só foi vazado por um gol contra. Em 2009, foi integrado para um período de testes no grupo principal. Em 2011, convocado para defender a seleção sub-21, recebeu homenagens em Irati - sua cidade natal é Rio Azul. Encarou tudo isso com a frieza e a personalidade herdadas do pai, o ex-goleiro Luiz Carlos Machowski, seu grande incentivador. Assim como Marcelo Grohe, de quem recebeu, direto da Ásia, cumprimentos em mensagem de celular após a boa atuação contra o Sport - foram cinco defesas difíceis na partida. Sincero, ainda admitiu um dos raros momentos de nervosismo de sua carreira.
- É uma sensação muito boa ouvir o hino dentro de campo. É uma adrenalina muito forte. Bate um nervosismo, que quem espera no banco não consegue mensurar. Mas é só a bola rolar, para tudo voltar ao normal - relata.
Tiago conversou com a reportagem do GloboEsporte.com nas sociais do Estádio Olímpico, sua primeira casa em Porto Alegre. Ainda no pátio, começou a receber o reconhecimento de um fã, que o parou para fazer um elogio à atuação e registrar o encontro com uma foto. Acompanhado da irmã, Cristiane, com quem divide apartamento em frente ao estádio, demonstrou a mesma segurança esbanjada nos gramados para relatar sua trajetória.
- Eu sempre joguei. Agora que estou ficando no banco é complicado. Não é comigo ficar sentado olhando os outros jogar. Gosto de estar jogando, mas respeito o Marcelo - pondera.
Tiago exibe mensagem de apoio de Marcelo Grohe (Foto: Eduardo Deconto/GloboEsporte.com)
> Confira a entrevista:
GloboEsporte.com - Tiago, você começou ainda garoto como goleiro em Irati, no Paraná. Como foi esse início?
Tiago - Eu comecei com meu pai. Ele atuava no veterano do São Vicente, um clube de amigos de Irati. Sempre que tinha amistoso, ele deixava eu jogar. Aí, desde pequeno, eu com 10 anos, jogava com os mais velhos, de 40. Sempre no gol. Jogar na linha não é comigo. Aos 11, fui para a escolinha do Olímpico, clube da minha cidade. Fiquei um tempo e depois fui para o futsal, quando joguei no Guarani de Ponta Grossa. Lá, fui campeão Brasileiro do sub-11, em 2004. Fiquei quatro anos com o Guarani, e voltei para Irati, mas não era aproveitado. Eles davam poucas oportunidades. Só treinava e ficava largado. Fui para lá mais para pegar ritmo e preparo. Lá, não aparecia proposta para mim. Chegou até a aparecer uma proposta para jogar futsal pelo Joinville, mas não queria futsal. Queria campo.
Você falou que não era muito aproveitado pelo Irati. Como você despertou o interesse do Grêmio?
Entre 2004 e 2008, eu revezei entre o Irati e o Olímpico, outro clube da cidade. Eu fui jogar um torneio com o Olímpico em 2008, em Ubiratã. Nosso time ficou em terceiro lugar. Lá, despertei o interesse do América-MG, que disse que ia me contratar. Quando voltei para casa, o pessoal do Irati me disse que queria assinar meu contrato. Caí na onda e fui. Joguei quatro partidas e, na hora de assinar, estávamos indo para um torneio do qual o Grêmio participava. O Grêmio levou o sub-15, e eu era o reserva da equipe sub-20. Lá, o pessoal do Grêmio me viu aquecendo e entregou um cartão para o meu preparador na época, Roberto de Bosque. Eu voltei para Irati na segunda-feira. Na terça, meu pai já tinha ligado para cá (Grêmio) e marcado o teste.
Tiago em dois momentos com o pai, Luiz Carlos Machowski (Foto: Montagem sobre fotos/Arquivo Pessoal)
E como foi sua chegada ao Grêmio, em 2008?
Meu pai marcou o teste para a quarta-feira. Cheguei sozinho, de ônibus, apenas com uma mochila nas costas. Meu pai me deu uns trocados. Fui à sala da categoria de base e o pessoal me falou que não sabia de nenhum teste. Na hora, pensei: “Estou sozinho. O que vou fazer aqui?”. Logo tocou o telefone, e disseram que precisavam de um goleiro na escolinha do Grêmio em Rui Barbosa. Me perguntaram minha posição e minha idade. Nem fizeram teste, me entregaram uma passagem e me disseram que tinha uma pessoa me esperando lá. Cheguei às 13h30 a Rui Barbosa. O jogo era às 14h. Tive que me trocar no carro. Joguei quatro partidas e salvei o time dos caras. A gente entrou na semifinal para enfrentar o Inter com medo. Eles haviam ganhado todas as partidas por pelo menos cinco a zero. Acabou zero a zero. Eu fechei o gol, peguei três pênaltis na decisão e até desperdicei uma cobrança. Acabou o jogo, dirigentes do Grêmio e do Inter entraram em campo para me contatar. Aí o pessoal do Grêmio falou: “Não. Você é nosso”. Eu fiquei surpreso. Na hora, já ligaram para o meu pai e disseram que tinha passado no teste. Me deu aquele alívio.
E a estreia pelo Grêmio, como foi?
Fiquei quatro meses no infantil. Meu primeiro jogo foi a final contra o Inter, no Gauchão. Com o Rogerião (Rogério Godoy, atual preparador de goleiros do Grêmio). Me lembro que estava todo mundo nervoso com o Gre-Nal. Falando para ter pegada. E eu falei: “Para mim é um jogo normal. Como um treino. Se eu quero ser jogador, não posso ficar nervoso com um jogo”. O pessoal todo duvidou. O primeiro jogo foi a final no Beira-Rio. Peguei um pênalti e um rebote. Depois da partida, os companheiros me falaram: “Pô, moleque, não sentiu nada, mesmo. Parabéns”.

Você conheceu o Taffarel enquanto jogador da base e ele te teve como uma espécie de “afilhado”. Como foi esse contato?
Ele assistiu à primeira partida. Peguei o pênalti e o rebote. Depois, ele falou comigo. É bem brincalhão. Disse que até ele pegava a cobrança. Aí, eu provoquei e pedi para ele entrar em campo e pegar. Ele me deu muitas dicas. Para ficar em pé. Disse que goleiro não tem que fazer firula. Tem que fazer o simples. Hoje, procuro fazer o simples. Tem bola que não precisa pular e fazer cena. Agora, ele foi para o Galatasaray e nós perdemos um pouco o contato.
Como foi sua chegada a Porto Alegre, na época, com 15 anos de idade?
Eu fiquei três meses no alojamento aqui das categorias de base. Depois já mudei de apartamento. Moro ao lado do Olímpico, atrás do portão 10. Sempre morei sozinho. O meu empresário, Paulo Roberto (ex-jogador campeão do mundo no Grêmio), alugou para mim.
O Paulo Roberto foi uma espécie de segundo pai para você?
Ele me ajudou bastante. Vivia na casa dele. Eu morava sozinho aqui, né. Foi meu segundo pai. Acabavam os jogos no fim de semana, e eu sempre ia para a casa dele.
Em sua passagem pelas categorias de base, você foi sempre titular. Como você encara a reserva na equipe profissional?
Então, eu sempre procuro jogar. Treino o máximo possível para jogar. Fiquei oito anos no clube e nunca fui reserva. Eu sempre joguei. Agora que estou ficando no banco é complicado. Não é comigo ficar sentado olhando os outros jogar. Gosto de estar jogando. Gosto de estar na Arena, mas respeito o Marcelo. Ele está em uma fase que não tem o que falar. É goleiro de seleção por mérito. O momento é dele. Estou correndo atrás. Sou novo, mas oportunidade aparece. Quando aparecer, tem que dar conta.
Tiago posa com a irmã Cristiane, no Estádio Olímpico (Foto: Eduardo Deconto/GloboEsporte.com)
Seu pai, Luiz Carlos Machowski foi goleiro do Paraná nos anos 80. É inegável dizer que ele exerceu influência sobre você…
Ele sempre me ajudou. Esse ponto, de ficar tranquilo nos jogos. Peguei do meu pai. Desde o inicio me incentivou a ser goleiro. Não me obrigou. Desde que comecei a ter a visão foi porque eu quis. Vi ele jogar e queria ser igual a ele. O que ele não conseguiu, eu estou conseguindo. Graças à ajuda dele. Eu jogava quinta, sexta e sábado, e ele estava sempre atrás do gol me ajudando. Estou realizando o sonho dele.
Ele assistiu à sua estreia no Brasileirão na Arena?
Não. Ele teve de voltar para o Paraná. Mas lá, ele assistiu à partida com os amigos. Depois, me ligou e disse: “Isso, você aprendeu comigo”.

Você foi convocado duas vezes para as seleções de base. Como foram as experiências?
Eu fui convocado em 2011, para disputar a Copa Mediterrâneo, com a equipe sub-21. Foram sete jogos. Eu revezava com o César, do Flamengo em todos os jogos, menos na final, que ele foi titular. Me lembro que estava de férias em Irati, quando um amigo me falou da convocação. Eu falei: “Tu está louco?”. Depois, conferi na internet. Foi uma alegria. Fui o primeiro atleta da minha cidade a ser convocado. Fizeram homenagem, faixa, um monte de coisas. Em 2009, tinha sido convocado, mas o Grêmio cortou. Tinha recém subido para o profissional. Fiquei triste, mesmo estando no profissional, mas acabei me dando bem.
Como foi essa passagem pelo profissional, em 2009?
Um dos goleiros se machucou, e o sub-20 estava viajando. Então, me promoveram, e eu fiquei oito meses. Tinha 16 anos e quase fui relacionado para duas partidas, mas o Matheus acabou retornando à equipe. Naquela época, convivia com o Victor, então melhor goleiro do Brasil. A gente se dava bem. Até ia na casa dele. Os goleiros sempre se dão bem. São muito unidos.
Como você recebeu a notícia de que seria o titular contra o Sport?
O Felipão nos passou a escalação na terça-feira. Disse que eu seria titular e me pediu para ficar tranquilo em campo e para fazer o que vinha demonstrando nos treinamentos. Antes, estávamos ansiosos, eu e o Léo. Dando tudo da gente nos treinamentos.
E o Rogerião? O que ele te passou antes da partida?
Falou comigo durante 30 minutos ontem. Antes do jogo, conversou bastante. Para ele é uma honra. Sou o primeiro goleiro que ele aprova ainda no infantil e que estreia no profissional. É uma honra para ele e para mim. Sou amigo dele fora do clube. O cara merece. Está no Grêmio há nove anos.
Tiago viveu bons momentos com a camiseta do Grêmio nas categorias de base (Foto: Editoria de Arte)
Você conviveu com algumas lesões nas categorias de base. Como foi superar essa fase?
A pior que tive foi do ombro, em 2012. Fiquei sete meses parado. Foi na Taça São Paulo de Futebol Junior. Estava 5 a 0 para a gente. Teve um pênalti para eles. Peguei de mão trocada e caí em cima ombro. Me arrependo até hoje de ter defendido o pênalti. Foi na época em que estava em alta. Voltando de seleção de base em 2011.No primeiro jogo em 2012. Graças a Deus, fiz a cirurgia, inseriram quatro pinos no meu ombro e nunca me incomodou. Foi o Márcio Bolzoni (médico do Grêmio) que fez. Agradeço até hoje.

Você chama a atenção por ter um tipo físico mais “encorpado”. Houve alguma cobrança sobre excesso de peso?
Sempre. Minha estrutura sempre foi essa. Não vai mudar. Não é por que todo mundo fala que vou mudar meu estilo. Sou assim e sempre vou ser. Até hoje tem cobrança. É meu tipo. Sou o primeiro a chegar para o treino. Treino bastante. Faço muito mais ainda. Cuido da alimentação. Sempre cuidei. Antigamente, não cuidava tanto. Agora, estou me cuidando. É do meu corpo que preciso para trabalhar. Mesmo me cuidando, sou assim. Não vou mudar.
Titular contra o Sport, presença encaminhada contra o Palmeiras. Qual o próximo passo, depois da volta de Marcelo?
Vou seguir treinando e trabalhando forte. O que eu quero é jogar. O Marcelo tem dois cartões amarelos, então tenho que estar preparado para entrar quando for chamado.
VEJA TAMBÉM
- ÍDOLO DE VOLTA? Grohe abre o jogo e pode vestir a camisa do Grêmio outra vez!
- Grêmio mostra evolução antes da chegada de 3 reforços de peso + Dybala no Grêmio?
- Bomba no mercado! Arthur a um passo do Grêmio, mas detalhe trava anúncio oficial
Aos 21 anos, Tiago estreou no Brasileirão com a árdua incumbência de substituir o convocado Marcelo Grohe sob as traves do Grêmio. Ainda garoto, demonstrou a frieza de um veterano para selar a meta na vitória por 2 a 0 sobre o Sport, na quarta. A tranquilidade do início promissor pode até ter causado surpresa aos mais de 13 mil gremistas que compareceram à Arena. Mas não espanta quem o conhece desde que deixou a pequena Irati, no Paraná, em 2008, com apenas 15 anos e uma “mochila às costas”, para bater à porta das categorias de base do Tricolor. Parecia trazer na bagagem a segurança e o talento de quem conquistou a bênção do goleiro do Tetra, Taffarel, e o apoio do atual titular do Tricolor, ao assumir a posição.
Tiago sempre esteve exposto à pressão. Sua trajetória é povoada por momentos em que esteve no limite. Quando desembarcou em Porto Alegre, já passou pelo primeiro teste no clube. Uma surpresa superada com facilidade. Agarrou três cobranças de pênalti e ganhou um contrato. Sob a tutela do atual preparador de goleiros, Rogério Godoy, estreou pelo Grêmio logo em um Gre-Nal, na base. Voltou a pegar pênalti na casa do rival e conquistou a admiração de Taffarel, que hoje é preparador com Dunga e que acompanhava a partida e prontamente o adotou como afilhado. O garoto aprendeu com as provas de fogo. E quer mais.
Nas equipes menores, foi lapidado como a grande promessa para a camisa 1 gremista. No juvenil, chegou a permanecer 17 jogos em sequência sem sofrer gols. Só foi vazado por um gol contra. Em 2009, foi integrado para um período de testes no grupo principal. Em 2011, convocado para defender a seleção sub-21, recebeu homenagens em Irati - sua cidade natal é Rio Azul. Encarou tudo isso com a frieza e a personalidade herdadas do pai, o ex-goleiro Luiz Carlos Machowski, seu grande incentivador. Assim como Marcelo Grohe, de quem recebeu, direto da Ásia, cumprimentos em mensagem de celular após a boa atuação contra o Sport - foram cinco defesas difíceis na partida. Sincero, ainda admitiu um dos raros momentos de nervosismo de sua carreira.
- É uma sensação muito boa ouvir o hino dentro de campo. É uma adrenalina muito forte. Bate um nervosismo, que quem espera no banco não consegue mensurar. Mas é só a bola rolar, para tudo voltar ao normal - relata.
Tiago conversou com a reportagem do GloboEsporte.com nas sociais do Estádio Olímpico, sua primeira casa em Porto Alegre. Ainda no pátio, começou a receber o reconhecimento de um fã, que o parou para fazer um elogio à atuação e registrar o encontro com uma foto. Acompanhado da irmã, Cristiane, com quem divide apartamento em frente ao estádio, demonstrou a mesma segurança esbanjada nos gramados para relatar sua trajetória.
- Eu sempre joguei. Agora que estou ficando no banco é complicado. Não é comigo ficar sentado olhando os outros jogar. Gosto de estar jogando, mas respeito o Marcelo - pondera.

> Confira a entrevista:
GloboEsporte.com - Tiago, você começou ainda garoto como goleiro em Irati, no Paraná. Como foi esse início?
Tiago - Eu comecei com meu pai. Ele atuava no veterano do São Vicente, um clube de amigos de Irati. Sempre que tinha amistoso, ele deixava eu jogar. Aí, desde pequeno, eu com 10 anos, jogava com os mais velhos, de 40. Sempre no gol. Jogar na linha não é comigo. Aos 11, fui para a escolinha do Olímpico, clube da minha cidade. Fiquei um tempo e depois fui para o futsal, quando joguei no Guarani de Ponta Grossa. Lá, fui campeão Brasileiro do sub-11, em 2004. Fiquei quatro anos com o Guarani, e voltei para Irati, mas não era aproveitado. Eles davam poucas oportunidades. Só treinava e ficava largado. Fui para lá mais para pegar ritmo e preparo. Lá, não aparecia proposta para mim. Chegou até a aparecer uma proposta para jogar futsal pelo Joinville, mas não queria futsal. Queria campo.
Você falou que não era muito aproveitado pelo Irati. Como você despertou o interesse do Grêmio?
Entre 2004 e 2008, eu revezei entre o Irati e o Olímpico, outro clube da cidade. Eu fui jogar um torneio com o Olímpico em 2008, em Ubiratã. Nosso time ficou em terceiro lugar. Lá, despertei o interesse do América-MG, que disse que ia me contratar. Quando voltei para casa, o pessoal do Irati me disse que queria assinar meu contrato. Caí na onda e fui. Joguei quatro partidas e, na hora de assinar, estávamos indo para um torneio do qual o Grêmio participava. O Grêmio levou o sub-15, e eu era o reserva da equipe sub-20. Lá, o pessoal do Grêmio me viu aquecendo e entregou um cartão para o meu preparador na época, Roberto de Bosque. Eu voltei para Irati na segunda-feira. Na terça, meu pai já tinha ligado para cá (Grêmio) e marcado o teste.

E como foi sua chegada ao Grêmio, em 2008?
Meu pai marcou o teste para a quarta-feira. Cheguei sozinho, de ônibus, apenas com uma mochila nas costas. Meu pai me deu uns trocados. Fui à sala da categoria de base e o pessoal me falou que não sabia de nenhum teste. Na hora, pensei: “Estou sozinho. O que vou fazer aqui?”. Logo tocou o telefone, e disseram que precisavam de um goleiro na escolinha do Grêmio em Rui Barbosa. Me perguntaram minha posição e minha idade. Nem fizeram teste, me entregaram uma passagem e me disseram que tinha uma pessoa me esperando lá. Cheguei às 13h30 a Rui Barbosa. O jogo era às 14h. Tive que me trocar no carro. Joguei quatro partidas e salvei o time dos caras. A gente entrou na semifinal para enfrentar o Inter com medo. Eles haviam ganhado todas as partidas por pelo menos cinco a zero. Acabou zero a zero. Eu fechei o gol, peguei três pênaltis na decisão e até desperdicei uma cobrança. Acabou o jogo, dirigentes do Grêmio e do Inter entraram em campo para me contatar. Aí o pessoal do Grêmio falou: “Não. Você é nosso”. Eu fiquei surpreso. Na hora, já ligaram para o meu pai e disseram que tinha passado no teste. Me deu aquele alívio.
E a estreia pelo Grêmio, como foi?
Fiquei quatro meses no infantil. Meu primeiro jogo foi a final contra o Inter, no Gauchão. Com o Rogerião (Rogério Godoy, atual preparador de goleiros do Grêmio). Me lembro que estava todo mundo nervoso com o Gre-Nal. Falando para ter pegada. E eu falei: “Para mim é um jogo normal. Como um treino. Se eu quero ser jogador, não posso ficar nervoso com um jogo”. O pessoal todo duvidou. O primeiro jogo foi a final no Beira-Rio. Peguei um pênalti e um rebote. Depois da partida, os companheiros me falaram: “Pô, moleque, não sentiu nada, mesmo. Parabéns”.

Você conheceu o Taffarel enquanto jogador da base e ele te teve como uma espécie de “afilhado”. Como foi esse contato?
Ele assistiu à primeira partida. Peguei o pênalti e o rebote. Depois, ele falou comigo. É bem brincalhão. Disse que até ele pegava a cobrança. Aí, eu provoquei e pedi para ele entrar em campo e pegar. Ele me deu muitas dicas. Para ficar em pé. Disse que goleiro não tem que fazer firula. Tem que fazer o simples. Hoje, procuro fazer o simples. Tem bola que não precisa pular e fazer cena. Agora, ele foi para o Galatasaray e nós perdemos um pouco o contato.
Como foi sua chegada a Porto Alegre, na época, com 15 anos de idade?
Eu fiquei três meses no alojamento aqui das categorias de base. Depois já mudei de apartamento. Moro ao lado do Olímpico, atrás do portão 10. Sempre morei sozinho. O meu empresário, Paulo Roberto (ex-jogador campeão do mundo no Grêmio), alugou para mim.
O Paulo Roberto foi uma espécie de segundo pai para você?
Ele me ajudou bastante. Vivia na casa dele. Eu morava sozinho aqui, né. Foi meu segundo pai. Acabavam os jogos no fim de semana, e eu sempre ia para a casa dele.
Em sua passagem pelas categorias de base, você foi sempre titular. Como você encara a reserva na equipe profissional?
Então, eu sempre procuro jogar. Treino o máximo possível para jogar. Fiquei oito anos no clube e nunca fui reserva. Eu sempre joguei. Agora que estou ficando no banco é complicado. Não é comigo ficar sentado olhando os outros jogar. Gosto de estar jogando. Gosto de estar na Arena, mas respeito o Marcelo. Ele está em uma fase que não tem o que falar. É goleiro de seleção por mérito. O momento é dele. Estou correndo atrás. Sou novo, mas oportunidade aparece. Quando aparecer, tem que dar conta.

Seu pai, Luiz Carlos Machowski foi goleiro do Paraná nos anos 80. É inegável dizer que ele exerceu influência sobre você…
Ele sempre me ajudou. Esse ponto, de ficar tranquilo nos jogos. Peguei do meu pai. Desde o inicio me incentivou a ser goleiro. Não me obrigou. Desde que comecei a ter a visão foi porque eu quis. Vi ele jogar e queria ser igual a ele. O que ele não conseguiu, eu estou conseguindo. Graças à ajuda dele. Eu jogava quinta, sexta e sábado, e ele estava sempre atrás do gol me ajudando. Estou realizando o sonho dele.
Ele assistiu à sua estreia no Brasileirão na Arena?
Não. Ele teve de voltar para o Paraná. Mas lá, ele assistiu à partida com os amigos. Depois, me ligou e disse: “Isso, você aprendeu comigo”.

Você foi convocado duas vezes para as seleções de base. Como foram as experiências?
Eu fui convocado em 2011, para disputar a Copa Mediterrâneo, com a equipe sub-21. Foram sete jogos. Eu revezava com o César, do Flamengo em todos os jogos, menos na final, que ele foi titular. Me lembro que estava de férias em Irati, quando um amigo me falou da convocação. Eu falei: “Tu está louco?”. Depois, conferi na internet. Foi uma alegria. Fui o primeiro atleta da minha cidade a ser convocado. Fizeram homenagem, faixa, um monte de coisas. Em 2009, tinha sido convocado, mas o Grêmio cortou. Tinha recém subido para o profissional. Fiquei triste, mesmo estando no profissional, mas acabei me dando bem.
Como foi essa passagem pelo profissional, em 2009?
Um dos goleiros se machucou, e o sub-20 estava viajando. Então, me promoveram, e eu fiquei oito meses. Tinha 16 anos e quase fui relacionado para duas partidas, mas o Matheus acabou retornando à equipe. Naquela época, convivia com o Victor, então melhor goleiro do Brasil. A gente se dava bem. Até ia na casa dele. Os goleiros sempre se dão bem. São muito unidos.
Como você recebeu a notícia de que seria o titular contra o Sport?
O Felipão nos passou a escalação na terça-feira. Disse que eu seria titular e me pediu para ficar tranquilo em campo e para fazer o que vinha demonstrando nos treinamentos. Antes, estávamos ansiosos, eu e o Léo. Dando tudo da gente nos treinamentos.
E o Rogerião? O que ele te passou antes da partida?
Falou comigo durante 30 minutos ontem. Antes do jogo, conversou bastante. Para ele é uma honra. Sou o primeiro goleiro que ele aprova ainda no infantil e que estreia no profissional. É uma honra para ele e para mim. Sou amigo dele fora do clube. O cara merece. Está no Grêmio há nove anos.

Você conviveu com algumas lesões nas categorias de base. Como foi superar essa fase?
A pior que tive foi do ombro, em 2012. Fiquei sete meses parado. Foi na Taça São Paulo de Futebol Junior. Estava 5 a 0 para a gente. Teve um pênalti para eles. Peguei de mão trocada e caí em cima ombro. Me arrependo até hoje de ter defendido o pênalti. Foi na época em que estava em alta. Voltando de seleção de base em 2011.No primeiro jogo em 2012. Graças a Deus, fiz a cirurgia, inseriram quatro pinos no meu ombro e nunca me incomodou. Foi o Márcio Bolzoni (médico do Grêmio) que fez. Agradeço até hoje.

Você chama a atenção por ter um tipo físico mais “encorpado”. Houve alguma cobrança sobre excesso de peso?
Sempre. Minha estrutura sempre foi essa. Não vai mudar. Não é por que todo mundo fala que vou mudar meu estilo. Sou assim e sempre vou ser. Até hoje tem cobrança. É meu tipo. Sou o primeiro a chegar para o treino. Treino bastante. Faço muito mais ainda. Cuido da alimentação. Sempre cuidei. Antigamente, não cuidava tanto. Agora, estou me cuidando. É do meu corpo que preciso para trabalhar. Mesmo me cuidando, sou assim. Não vou mudar.
Titular contra o Sport, presença encaminhada contra o Palmeiras. Qual o próximo passo, depois da volta de Marcelo?
Vou seguir treinando e trabalhando forte. O que eu quero é jogar. O Marcelo tem dois cartões amarelos, então tenho que estar preparado para entrar quando for chamado.
VEJA TAMBÉM
- ÍDOLO DE VOLTA? Grohe abre o jogo e pode vestir a camisa do Grêmio outra vez!
- Grêmio mostra evolução antes da chegada de 3 reforços de peso + Dybala no Grêmio?
- Bomba no mercado! Arthur a um passo do Grêmio, mas detalhe trava anúncio oficial
Comentários
Enviar Comentário
Aplicativo Gremio Avalanche
Leia também
Grêmio aguarda Arthur no Brasil para oficializar retorno ao clube.
Marcos Rocha no BID: Mano define escalação do Grêmio para duelo com Ceará
Grêmio assume liderança do Gauchão Feminino com goleada fora de casa.
Arthur acerta retorno ao Grêmio após acordo com a Juventus
Grêmio tem única promessa brasileira em lista de talentos do futebol internacional
Grêmio acerta retorno de Arthur e reforça elenco para próxima temporada.
GrêmioTV transmite final do Brasileirão Feminino Sub-17 ao vivo.
Onde assistir jogo do Grêmio contra o Ceará neste sábado pelo Brasileirão
Marcos Rocha chega ao Grêmio e destaca meta de classificação à Libertadores.
Marcos Rocha revela posição de atuação no Grêmio
Marcos Rocha comenta sobre transferência do Palmeiras em apresentação no Grêmio
Estreia de Marcos Rocha pelo Grêmio: declaração do jogador sobre seu desempenho.
Marcos Rocha animado com proposta do Grêmio e confiante em vaga na Libertadores 2026
Marcos Rocha oficialmente apresentado pelo Grêmio: reforço de peso para equipe.
Marcos Rocha chega ao Grêmio e afirma: "A idade não pesa
marcos rocha animado com proposta do grêmio e foca em vaga na libertadores
Grêmio enfrenta desafios e comemora volta de jogador importante no Brasileirão.
Grêmio preparado para encarar o Ceará.
Apresentação de Erick Noriega como reforço do Grêmio
Convocação para Assembleia Geral de Renovação do Conselho Deliberativo
Grêmio: Clube Mais Estrangeiro da Série A do Brasileirão
Fórmula da Vitória: Grêmio busca repetir sucesso contra Ceará no Brasileirão.
Torcedores do Grêmio ansiosos pela estreia de nova contratação no time.
Marcelo grohe define retorno ao grêmio, afirma fontes confiáveis.
Previsão de retorno de Villasanti ao Grêmio após período de recuperação
Grêmio perde oportunidade de lucrar milhões com eliminação de adversário na Sul-Americana.
Ultima hora: Transferência surpresa de Arthur agita mercado de futebol brasileiro
Grêmio avança para repatriar volante ex-Barcelona no mercado de transferências
Marcos Rocha realiza treino de estreia e pode ser titular no Grêmio.
Novo reforço do Grêmio relembra auxílio ao RS durante enchentes de 2024
Rescisão atrasada não impede negociação de Arthur com Juventus para retorno ao Grêmio.
Possibilidade de Investir no Grêmio Para Temporada: Celso Rigo Comenta
Negociação entre Grêmio e Roger Guedes: Empresário revela bastidores e detalhes.
Novo reforço Marcos Rocha integra treino do Grêmio com elenco.
Marcos Rocha se prepara para estreia no Grêmio; Braithwaite recupera-se das dores
Grêmio pode fechar venda milionária por 42 milhões de reais
Grêmio confirma contratação de Marcos Rocha para reforçar lateral direita da equipe.
Acertado com o Grêmio, Arthur ainda negocia saída da Juventus
Grêmio lidera ranking de estrangeiros em times brasileiros, mostra levantamento.
Arthur assume protagonismo em rescisão com Juventus: novo avanço no futebol.
Torcida do Grêmio aprova contratação de jogador cobiçado pelo Flamengo
Cyro Leães fala sobre Gre-Nal do Gauchão Feminino em entrevista coletiva
Grêmio se prepara para enfrentar o Ceará com intensidade e foco
Grêmio contrata lateral Marcos Rocha, ex-Palmeiras, para temporada até 2026
Grêmio suspende sócio por envolvimento em ataque a ônibus de jogadores
Impacto dos Jogadores Estrangeiros no Grêmio: Análise Profunda do Clube Brasileiro.
Polícia identifica autores do ataque ao ônibus do Grêmio